domingo, 30 de setembro de 2007

O Nelson entrevistou-me*(abrir com Mozzila Firefox) para a Rádio Universitária do Minho, programa Sociedade Anónima. E eu? Eu resolvi fazer-lhe o mesmo. Ao contrário do que é normal, conhece-se ambas as partes. Parece-me justo, não?

Entrevista a Nelson Ferreira, locutor da Rádio Universitária do Minho. Um amante de música; um apaixonado pela vida e pela arte de comunicar; um homem à cata de talentos, em especial os que consegue captar num rasgo humano de cumplicidade.

1. Quem és? De onde vens? Para onde vais?
R - Nelson, prazer! Venho da província. “ninguém voa tão alto como aquele que não sabe para onde vai”….é para aí que quero ir.

2. Porquê Comunicação? Porquê Rádio?
R – Porque me pareceu fácil…Porque o faço sem grande esforço. Porque sou preguiçoso. Porque senti apelo pela rádio. Porque acho que é mais ou menos “colorido” trabalhar em rádio. Porque dar música pode influir no estado de espírito de quem a ouve.

3. Apenas Rádio?
R - Não. Mas prefiro dar a voz a dar a cara. Gosto de vozes…quase tanto como gosto de olhares. A palavra dita, falada, toca-me.

4. Falando tu para um público invisível, o que é que esta frase te diz: «Comunicar é tão somente olhar e perceber que do outro lado está uma bênção chamada cumplicidade.»
R - Diz-me muito. A ilusão de que podemos estar a “tocar” alguém é parte do fascínio de falar para essa massa invisível.

5. Sei que gostas de todo o terreno? Sempre foste apaixonado por esta modalidade ou já tiveste outras? Como é que esta surge na tua vida?
R – Gosto de TT pelo facto de nesta actividade conseguir ir onde os carros normais não vão. Consegue-se ir a miradouros inacessíveis. Consegue-se subir ao topo de uma montanha e ver o horizonte. E em toda a terra onde se passam os dias tipo formiga e tem-se essa visão de “Big Picture”. O acesso a sítios isolados onde o silêncio é maior e a natureza mais imponente. Claro que a paixão de infância pelos desportos motorizados também ajuda. Sei que é uma actividade +/- poluente mas faço-a em respeito pela natureza e prefiro-a à barbaridade das touradas ou caça de animais.

6. Porque é que Closer é um dos teus filmes de eleição? Que outros tens?
R – Porque é um filme autêntico, humano, real. Atraem-me os diálogos intensos. As relações humanas mais mundanas e as suas oscilações. O amor é um gajo estranho.
Dispenso com facilidade filmes de animação e ficção científica…
Contudo…a realidade bate sempre a ficção.

9. Viagem perfeita?
R – A de um casal apaixonado sem destino traçado.

10. O que é que lês?
R – Para além da Dica da Semana, os cadernos de cultura do “Público” e “Expresso”.
Publicações online de música. As frases feitas e discursos do Churchill.

11. O que é que mais te fascina em cada um dos teus sentidos:
Tacto: seda…adoro tecidos
Olfacto: Terra húmida, combustíveis durante uma corrida (estranho), um bom perfume de mulher, não muito doce.
Visão: Outros olhares.
Audição: Sussurros bem perto do ouvido. Música calma num ambiente com pouca luz.
Paladar: prefiro de longe os salgados aos doces.

12. O que é que mais te assusta?
R – Não tenho medos particulares. Mais anseios que medos.

13. Quais são os teus medos? (Sim, porque todos os temos)
R – Que as minhas ânsias virem medos.

14. Se tivesses que escolher, com qual desta características viverias e porquê:
Loucura ; Agorafobia; Bipolaridade.
R – À excepção da agorafobia já vivo com as outras duas e não abdicaria de nenhuma delas. Fazem de mim quem sou.

15. Que defeitos consideras fundamentais alguém possuir? E virtudes?
R - Aprecio os calculistas mas adoro os humanistas. Assim como é necessária alguma ingenuidade também o é alguma frieza.

16. Moves-te sob a escuta de que andar?
R – Infelizmente sob a péssima escolha musical do meu vizinho do andar de baixo. Inclui Rod Stewart, Chris de Burgh…

17. Porque é que gostas tanto de reticências? O que é que elas te transmitem? Usa-las muito na escrita. É defeito ou virtude?
R- Uso-as na escrita como no jazz se usa o silêncio. Servem para marcar os ritmos. Neste caso a intensidade e fluidez do discurso… dos significados daquilo que vou dizendo.

18. Apenas com 26 anos, o que é que te falta fazer?
R – Falta-me ver um concerto de David Bowie. Falta-me encontrar tanta gente que ainda quero conhecer. Falta-me conhecer melhor ainda aqueles que já encontrei.

19. Quatro músicas de eleição.
R - Todas do Mezzanine dos Massive Attack. Pela fase em que as ouvi…não a melhor da minha existência, mas porque mesmo depois disso mais de mil significados lhe acrescentei e gosto de todos eles.
As letras do Manuel Cruz dos Ornatos Violeta e de algumas do Reininho…sem esquecer o Carlos Tê. O sentimento bem Português na música não se fica pelo Fado.
As histórias quase poéticas dos Depeche Mode e dos Cure.
Grande parte da minha vida é a escolher músicas….para determinadas horas…para determinados objectivos.
A música de eleição pode ser diferente consoante o momento a que se destina.

20. Um vídeo
Björk - All is Full




2 comentários:

blueiela disse...

:)OLha uma entrevista...ao senhor das entrevistas!Nelson Ferreira...a voz serena e desinibida da RUM que nos deixa tão à vontade e que por isso facilmente nos arranca segredos.
Para mim foi um prazer fazer parte do lote de pessoas anónimas que dás a conhecer no SA....ainda por cima ganhei um amigo e tudo!!
Li a entrevista com calma...e percebi que as palavras gostam de ti que se fartam...Desgraçadas, não sabem complicar-te o trabalho.Muito puras as respostas...sem temores.Ahh temos algum em comum...fantástico, também és um viciado das reticências.Somos raros..mas somos bons,porque sabemos respirar intensamente.Parabéns...és um bom entrevistado! :)Parabéns também à entrevistadora, que soube escolher as perguntas...foi a dupla perfeita.


beijinhos aos dois

Daniela Pereira

Fátima São Simão disse...

olá nelson!
é bom perceber que não mudaste mas amadureceste. gosto de te saber bem.

beijinho :)