quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O culto pela imagem como fonte de transmissão de aparências e valores não é de agora. Alexandre Magno, o Grande (356 a.C a 323 a.C.), foi o primeiro homem a ter uma ideia visionária daquilo a que agora se chama Identidade Corporativa: cunhou moedas com o seu próprio rosto e, pelos sítios que conquistava, deixava a marca indelével com algo de que todos necessitavam - dinheiro.
Temos também o exemplo de todo o domínio romano e o tremendo culto pela boa condição física e pelas esculturas dos dirigentes do Império, que perpetuam ainda uma cultura no tempo. E actualmente, assistimos à proliferação em massa de publicidade e marketing a produtos – todo o tipo – que zelam não só por um corpo bonito e saudável, como por uma sensação ilusória de pertença, denominada falso valor de uso.
Perante estes exemplos que demonstram a transversalidade da temática apercebemo-nos com alguma facilidade da importância que a aparência representa, nas mais diversas vicissitudes. Imagem é acima de tudo a construção de uma identidade que se aplica a tudo o que se pretende transmitir para o exterior. Justo Villafañe, especialista em Comunicação Corporativa, aborda no livro «Imagem Positiva» toda uma temática inerente à gestão estratégica da imagem das empresas, entre as quais a gestão de crise. Para as grandes empresas multinacionais é já indispensável o denominado Gabinete de Comunicação: um conjunto de pessoas que se debruçam ao pormenor na forma - e no conteúdo - como são transmitidas todas as mensagens para o exterior e para o próprio público interno. É inegável o seu valor, não só pelo controlo que daí advém, como principalmente por nada ser feito ao acaso.
A este propósito, Albert Delpit, escritor e poeta, lança-nos o repto: «O mundo julga-nos, não pelo que somos, mas pelo que parecemos ser».
Toda esta construção da imagem, assume nos dias que correm contornos inimagináveis. Vejamos por exemplo o que está a acontecer com o Caso McCann. É a história mais mediática de sempre relativa ao desaparecimento de uma criança. Independentemente de estarem ou não envolvidos no desaparecimento da filha, há que admitir a sua extrema inteligência pela forma como, desde o início, lidaram com a Comunicação Social, revertendo-a sempre a seu favor e não deixando esquecer a história. Mas, no cuidado com que sempre se mostraram, algo começou a falhar. Subitamente a crise; a crise do chamado furo jornalístico face às dúvidas e provas recolhidas pela Polícia Judiciária. A Imagem ficou ferida e os pais da menina não hesitaram: têm actualmente quatro assessores de comunicação, um deles que deixou o gabinete do primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, para se dedicar ao caso.
Muito para além da culpabilidade ou não dos pais de Maddie, o que é que está aqui em causa? A Imagem. O julgamento popular. A reconstrução de um casal em risco de ser posto de parte pela opinião pública que, quando não é amigável, pode tornar-se cruel e acutilante.
Creio, pois, que não é demais referir que não é só em Nações, Impérios, Empresas e na Publicidade e Marketing que a construção da aparência dá de comer aos povos e públicos-alvo. Tudo é susceptível de ser aparentado. Não como reflexo do que somos, mas como meta do que queremos atingir. Na época que corre, tudo é Imagem: imagem e comunicação; imagem e construção.
in Empreender

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