quarta-feira, 22 de agosto de 2007


Quantic. Álbum de 2004 - "Mishaps Happening"

Pois. Por sugestão da RUM ouvi. Gostei. Imenso. Mr. Holand no seu melhor a solo. Ouvi, sim senhor. Eram quase 9h00, no carro. Não consegui sair enquanto não acabou. E fiquei eléctrica, cheia de energia - daquela boa e que dá vontade de ir por aí e rir e falar e conviver, que é como quem diz ir pó cunbíbio.

Para quem gosta de funk aconselho Don't Joke with a Hungry Man

Clarinha e Inês (a mana) oiçam: vão curtir. Fico ansiosa por vos ouvir cantar esta. Aos pulos. Aos berros!!! :)

Viagens para as viagens

Tenho um amigo, escritor, que diz não gostar de viajar. Não gosta, ponto. Pelo menos, no sentido concreto do termo.
Uma vez tentei saber porquê. Perguntei-lhe como é que ele não se interessa por tantas outras formas de estar, de viver, de sentir, outros locais e belezas e/ou amarguras. «E quem disse que não?», foi a resposta complementada com, «Conheço tudo isso nas histórias que escrevo e que leio, no meu canto, em Guimarães».A discussão teve ainda alguns trâmites, mas a essência é esta: ele não gosta de viajar fisicamente – e não quer dizer que o não faça por circunstâncias alheias à vontade dele – porque prefere outro tipo de viagens que têm a ver com as palavras e os devaneios de uma alma de escritor. Pessoalmente, junto a isto mais um factor: desconfio que a necessidade que tem de escrever é tão grande que teme perder tempo nesse tipo de viagens que não as da imaginação.

Por outro lado, tenho um amigo, arquitecto, que passa a vida a viajar. É dinamarquês. Conhecemo-nos há 18 anos num intercâmbio cultural e, portanto, já nessa altura viajava. Viu o mundo inteiro: todos os continentes; diversos países dos diferentes continentes. Uma das viagens mais curiosas foi de bicicleta. Juntou-se a dois amigos, voaram até à América central e, durante três meses, percorreram uma série de cidades. Achei, no mínimo, apaixonante.
As conversas que temos tido ao longo de todos estes anos acabam, inevitavelmente, em viagens: eu a dizer, «Quem me dera poder viajar como tu», ele a retorquir, «Exageras nessa vontade; viajar não te acrescenta muito mais», ao que eu lhe digo, «Dizes isso porque o fazes constantemente e quando queres». E a discussão continua. O certo é que há pouco tempo disse-me algo que me calou e em que penso muitas vezes: «Não precisas de viajar para seres uma grande escritora. Tens no teu país um dos maiores escritores do mundo que nunca saiu do seu canto: Fernando Pessoa». Um dinamarquês falou-me em Pessoa, que adora ler.


Efectivamente, não me é difícil de perceber que projectamos, muitas vezes, aquilo que mais queremos ser para o desconhecido. Como se o fôssemos fazer, mas ainda estivesse longe, adormecido. Conseguimos ver, mas é ainda intocável. Aquilo que o meu amigo de Portugal me diz nas entrelinhas é que as coisas estão ao nosso alcance e uma vez palpáveis não são de desperdiçar; são para trabalhar. Aquilo que o meu amigo dinamarquês me quer transmitir é que uma vez alcançado o sonho verifica-se que não é assim tão subliminar como aparenta ser.O certo é que tenho mesmo esse desejo de viajar constantemente. E não me refiro a viagens paradisíacas. Gosto de contactar com o dia-a-dia das pessoas, com as culturas, hábitos e costumes.


O sonho de ser escritora não advém de projecções. Sinto que já o sou, não só pela necessidade que me acompanha, como pelo prazer que me arrebata. As palavras mexem com tudo o mais íntimo de mim. São terapia. São o que de mais Eu tenho. São viagens, são, as histórias que construo no meu canto.É possível que se já conhecesse o mundo inteiro, provavelmente iria dizer que não é assim tão fabuloso quanto penso. Mas sei, sem margem de dúvida, o que é que vou fazer ao papel que preenchi como voluntária internacional da AMI.

in Empreender