terça-feira, 31 de julho de 2007

Noite de Poesia
Um conceito. O conceito num rectângulo;
O Retângulo, Café.

Espreito de fora: rebuliço no interior de cada intimidade, nas pessoas que aceitaram o convite e foram ao Retângulo. É a Noite de Poesia.
Espreito; espreito muito para ver melhor. Um aglomerado que se vislumbra – sentados, de pé, nas esquinas e sofás, no degrau e em bancos altos - outros mais baixos -, nas mesas, por todo o lado: ânimos que se levantam, vozes que se erguem, e depois? Depois a melodia para embalar o corpo habitado pelo preenchimento do ser. Guitarra acústica, batuque e talento: combinação perfeita. Não oiço nada; estou de fora. Estou ainda cá fora envolvida num sossego que fala: como se o vazio morasse nas casas e só lá dentro estivesse o fluxo de energia quântica.
Estacionei o carro e continuo inerte do outro lado da rua do Retângulo; na distância de quem tem medo da exacerbação que junta as palavras.
Detenho-me mais uns segundos: vou? Ousarei fazer parte das frases musicais que percorrem os olhares no interior daquele espaço?
Entro. Não sou propriamente uma desconhecida, mas serei sempre estranha no mundo das letras. Porque quero sempre mais. Porque não há entendimento que alcance os arrepios da alma. Entro e percorro as gentes. Entro e sorrio. Entro e fico e sinto que este é o dia e percebo que ali é o lugar e absorvo os espaços em branco no caminho para a redenção.
Por mim, e pelos ouvidos dos amantes da arte, passaram nomes tão distintos como Alexandre O’Neill, Carlos Drummond de Andrade, Ary dos Santos, Herberto Hélder, Maria do Rosário Pereira, entre tantos outros.
Indispensáveis foram os cigarros numa tentativa de amainar a angústia por não haver mais declamação; indissociáveis foram as recordações como forma de criar pontes para a contemplação da essência humana. E soube bem o doce de ananás. Um doce conforta sempre os mais fracos. E eu sou fraca, sou. Por isso não contive as lágrimas ao sentir que aquela era também a minha casa, o lar de todos nós. A envolvência em todos nós.
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Retangulo Café
R. Escultor Antonio Fernandes de Sá, 238
GERVIDE
OLIVEIRA DO DOURO

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3 comentários:

Hugo Santos - Portfólio disse...

As noites tão todas belas se as olharmos com o olhar da beleza.

A pergunta permanece sempre: a beleza reside nos olhos de quem contempla ou também reside fora?

Será que existe beleza sem olhos que a contemplem? (não me parece). Será que existem olhos sem beleza para contemplar? (não me parece...)

O Universo que conhecemos até ao momento é apenas este, esta coisa meio sebastianistica, nublada...

Sabe bem passar pelas coisas e senti-las.
Ainda bem que sentiste as coisas daquela noite, e as coisas daquela noite te tinham lá para as sentires. O resto são palavras vãs.

Um jogo de futebol pode ser a casa de todos nós se, na linha desenhada pela bola e pelo movimento dos corpos no campo conseguirmos ver a beleza de um poema feito acto.

Custa-me crer que a poesia seja apenas um pote de mel.

Além disso já me alonguei no comentário... e isto não é um comentário. Isto devia chamar-se: "fala comigo!"

Plín!
Hugo

Anónimo disse...

A Arte embiaga...

Estava a contemplar uma mão cheia de fotografias, de mais um (e este é especial) promissor jovem artista, fotos essas que farão parte da proxima exposição do Retangulo, quando recebi o teu email e consultei o blog.

Momentaneamente compreendi porque dizem que a arte embiaga.

Embriagado, confundi de que forma estes dois elementos, as fotos e a escrita, transmitiam informação ao meu cerebro...

As primeiras, primorosas.
As segundas, fotograficas.

Chorei!
Não pelo orgulho que senti por ser um dos co-organizadores do evento, mas por ter tido a honra da tua presença e sobretudo, por teres “sentido” o mesmo que eu.

Eugénio Teixeira

Anónimo disse...

Bavaroise de Ananás

3 gemas misturadas com uma lata de leite condensado envolvem-se nas 3 claras em castelo.
Aquece-se sem ferver a calda de uma lata de ananás onde se dissolve uma gelatina de ananás (pó).
Junta-se tudo com as rodelas partidas em pequenos pedaços.
Vai ao frigorífico durante para aí 10 horas.
Também resulta com pêssego, mas é mais enjoativa.